UNIVERSIDADE FEDERAL DE
GOIÁS
CENTRO DE ENSINO E
PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO
SÔNIA DIAS CARVALHO
SANTOS
EDUCAÇÃO PARA A
DIVERSIDADE: PERPECTIVAS SOBRE A INCLUSÃO
SÔNIA DIAS CARVALHO SANTOS
Monografia apresentada ao Curso de Especialização em
Metodologia do Ensino Fundamental a Distância do Centro de Ensino e Pesquisa
Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás, para obtenção do titulo
de Especialização.
Orientadora:
_____
SÔNIA DIAS CARVALHO SANTOS
EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE:
PERPECTIVAS SOBRE A INCLUSÃO
Monografia defendida no
Curso de Especialização em Metodologia do Ensino Fundamental a Distância do Centro
de Ensino e Pesquisa Aplicada â Educação da Universidade Federal de Goiás, para
a obtenção do titulo de Especialista, aprovada em Dezembro de 2010, pela Banca
Examinadora constituída os seguintes professores:
Dedico este trabalho aos meus pais David e Douvina,
pelo incentivo, cooperação e apoio, em especial, ao meu esposo Hamilton e
filhos, Michael e Charles, pois, compartilharam comigo os momentos de tristezas
e também de alegrias, nesta etapa, em que, com a graça de Deus, está sendo vencida.
AGRADECIMENTOS
À Deus Pela força que sempre encontrei
Nele, em todos os momentos de minha vida e por todos
os benefícios que me concedeu.
A Minha Mãe Douvina Dias que soube
entender os momentos de ausência, e aos quais faço da minha conquista um
instrumento de gratidão e reconhecimento por tudo o que recebi.
Aos meus familiares que foram a minha
força para concluir este Curso.
Aos meus orientadores Kátia
Alexandrina, Marcilene
Pelegrine Gomes, pela orientação cuidadosa e objetiva que me oportunizou
durante a maior parte da construção deste trabalho.
Às professoras Iolene Lobato, Lílian
Laurência Leite de quem fui aluna do curso de Especialização em Metodologia do
Ensino Fundamental a Distância, que sempre procurou estimular os alunos diante
das dificuldades, e que com seus conhecimentos e Metodologia de Ensino,
contribuiu bastante para minha aprendizagem.
Sônia Dias
Carvalho Santos
“(... )Cada criança é um
ser único, diferente de qualquer outra, que experimenta ritmo de evolução
próprios, tem os seus interesses e provém de um universo cultural,econômico e
familiar específico; cada um é um caso,uma personalidade que desabrocha de modo diverso.”
Joaquim Azevedo (1994, p 118-120)
RESUMO
Percebe-se
que as pessoas portadoras de necessidades especiais ainda estão excluídas da
sociedade buscando processos bilaterais para equacionar problemas, decidir
sobre soluções efetivas e equiparação de oportunidades para que se tornem
membros da sociedade e tenham oportunidades eqüitativas. Não basta apenas
colocá-los em Escolas Inclusivas, é necessário antes um preparo para quebrar
barreiras, sejam físicas, ou psicológicas, incluir, envolver inserir e não só
adaptar ao meio físicos, mas seguir parâmetros para que permita a
acessibilidade explícita despertando a sociedade para agir e integrar-se.
Espera-se que esta pesquisa possa ter influência para quem lê-la, e que
possibilite ganhar experiência e promover a discussão sobre a clientela
assistida nas Escolas Inclusivas. Será de grande relevância estudar, buscar,
pesquisar essa causa tão envolvente.
Contribuirá principalmente para os professores que de alguma forma estão
preocupados com a Inclusão na sociedade. Seja através da bibliografia, seja
através de temas abordados. Para isso é necessário ser feito um embasamento
teórico a partir dos respectivos autores: Sassaki (1997) por acreditar que sociedade deve garantir espaços a todas as pessoas e
fortalecer as atitudes de aceitação das diferenças individuais e de valorização
da diversidade humana priorizando sempre a importância do pertencer, da
convivência, da cooperação. Todas as pessoas poderão contribuir para que as
condições de vida sejam comunitárias, mais justas, saudáveis e satisfatórias.
Mantoan (1997), Concordamos
que a pessoa portadora de deficiência é uma parte da sociedade, sim. Está vivendo em sua família, possui
possibilidade de educação e reabilitação, passa seu lazer com pessoas próximas.
É parte desta sociedade, vive dentro dela e interage com os outros elementos da
mesma, Almeida (2004), entre outros.
A pesquisa se justifica pelo fato de englobar uma categoria de profissionais da
educação que atuam nas instituições escolares e participam com essas pessoas
dos seus dramas e conflitos.
Palavras-chave: sociedade, diversidade, escola,
ambiente, inclusão, formação, professores, diferenças, realidades.
ABSTRACT
It
is perceived that people with disabilities are still excluded from society
seeking bilateral processes to solve problems, decide on effective solutions
and equalization of opportunities to become members of society have equitable
opportunities. Can not just put them on Inclusive Schools, is required before a
preparation to break down barriers, whether physical or psychological, include,
involve inserting and adapt to the environment not only physical, but then the
parameters for enabling accessibility for the company explicit awakening act and integrate. It is hoped that this
research may have influence to those who read it, and thereby gain experience
and to promote discussion about the children assisted in Inclusive Schools. Will be of great relevance to study, seek, find this
issue so engaging. Contribute mainly to
teachers who somehow are concerned about the inclusion in society. Whether
through the literature, either through themes. For this it is necessary to be
done from a theoretical basis of the authors: Sassaki (1997) to believe that
society should ensure space for all people and strengthen the attitudes of
acceptance of individual differences and appreciation of human diversity always
prioritizing the importance of belong, coexistence and cooperation. All
people can contribute to the living community is more just, healthy and
satisfying. Mantoan (in 1997) agree that the disabled person is a part of
society, yes. He is living in his family, has
the possibility of education and rehabilitation, he spends his leisure with
people nearby. It's part of this society, lives inside her and interacts with
other elements of the same, Almeida (2004), among others. The research is
justified by the fact comprise a category of education professionals who work
in schools and involved with these people of their dramas and conflicts.
Keywords: society, diversity,
school environment, inclusion, training teachers, differences, realities.
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO
1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
1.1. Posição do Brasil em
relação outros países da América Latina
CAPÍTULO 2 ESCOLA: AMBIENTE DE INCLIUSÃO
CAPÍTULO 3
ESCOLA INCLUSIVA, A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
RELAÇÃO
ENTRE A PSIOCPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
3.1. A questão curricular
3.2. Formação de
professores para inclusão
3.3. O Papel do
professor diante da inclusão
3.4. A Relação entre
Psicopedagogia Institucional e Inclusão
CAPÍTULO 4 ESTUDO DE CASO: INCLUSÃO NAS ESCOLAS DE
SÃO MIGUEL DO ARAGUAIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa
cujo título, “Inclusão: O despertar de Uma Nova Sociedade”, tem como finalidade
evidenciar a inclusão como prioridade para crianças com necessidades
educacionais especiais, enfatizando o processo histórico da Inclusão,
destacando a sua conceituação e as tentativas governamentais e
não-governamentais para incluírem as pessoas com necessidades educacionais
especiais na sociedade.
Por ser um tema envolvente, sobretudo nessa primeira década em que os
governos se posicionam a favor da inclusão abrindo espaços para as pessoas com
necessidades educacionais especiais, vítimas, até pouco tempo do preconceito
das outras pessoas, percebe-se claramente a necessidade de aprofundar e
evidenciar a trajetória desse processo.
Tendo como objetivo analisar o fenômeno da educação
inclusiva, refletindo sobre os programas e ações de acessibilidades
implementadas no ambiente escolar e sensibilizar a gestão escolar para adotar
programas e ações que possibilitem a educação inclusiva.
Orientar os professores e os atores que trabalham na
escola sobre a importância do papel de cada um na educação inclusiva.
Para tanto,
esse trabalho divide-se em quatro capítulos, com apresentados a seguir:
O primeiro capítulo,
“Histórico da Educação Inclusiva”, traça trajetória de inclusão desde os
primórdios, abordando o processo de inclusão social como proposta de atender às
necessidades das pessoas portadoras de deficiências, abrindo novas perspectivas
de vida. Ao serem excluídas do convívio social passam a freqüentar as chamadas
“escolas especiais”. O propósito é reavaliar todo o contexto social.
O segundo capítulo,
“Escola: Ambiente de Inclusão”, perscruta o interior da escola apresentando
experiências bem sucedidas de inclusão, inclusive no Estado de Goiás, em que
estas passam a servir de modelo para outras.
Este capítulo assume um
caráter intrínseco ao tratar de vivências do cotidiano, em que a “criança com
necessidades educacionais especiais (NEE)", passa a ser valorizado como
pessoa.
O terceiro capítulo,
“Escola Inclusiva, formação de professores e Relação entre Psicopedagogia
Institucional faz uma reflexão sobre a que a escola se propõe para atender os
portadores de necessidades especiais, evidenciando dessa forma à capacitação de
profissionais para a inclusão. Ao tratar da relação entre a Psicopedagogia
Institucional em relação ao tema proposto, a intenção é interar-se como o
psicopedagogo poderá atuar.
O quarto capítulo, ‘Estudo
de caso nas Escolas Inclusivas em
São Miguel do Araguaia’, será feito o estudo de caso nas
Escolas inclusivas de São Miguel do Araguaia”, nas quais será feita uma análise
da inclusão quanto à integração das pessoas portadoras de necessidades
especiais na rede regular de ensino e também na sociedade em geral. Essas
instituições foram desafiadas a criarem programas ou serviços que disponham a
atendê-las permitindo-lhes a sua sociabilização. Para isso o estudo vai se basear
na visão de Piaget (1980), e Vygotsky. (2002).
E de acordo com o
enforque dado, a pesquisa se delineará na fundamentação do tema a partir de um
estudo criterioso, em que as bases desse estudo se configurarão numa vasta
bibliografia.
CAPÍTULO I
HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
De acordo com uma vasta literatura pode-se constatar a
inoperância do sistema educacional em relação à inclusão, tanto que surgiram as
escolas especiais em decorrência da grande demanda de criança e adolescentes
com deficiência mental (DM) e de experiências de deficiências de famílias
ilustres que estudaram no exterior e procuraram trazer para seus colegas
brasileiros a mesma possibilidade de aprender.
A primeira escola especial que se conheceu foi o
Instituo de Ensino para Cegos, aberto em 1854, no Rio de Janeiro, por
iniciativa de Álvares de Azevedo, cego que estudou em Paris e retornou ao
Brasil em 1851. A mesma história se repete com a educação especial dos surdos
em 1855.
As escolas especiais têm um papel fundamental na
formação destes indivíduos, de propiciar a convivência das crianças e
adolescentes e possibilitar que os mesmo se desenvolvam como indivíduos.
Nas escolas especiais só estudavam crianças portadoras
de alguma deficiência. Com o passar do tempo a sociedade percebeu que as
crianças portadoras de deficiências eram capazes de aprender como qualquer
outra pessoa “dita normal”, pois todas as pessoas com necessidades especiais tem o direito de manifestarem seus
desejos quanto à sua educação, na medida de suas capacidades podendo estar certas disso. Os pais têm o direito de serem consultados
sobre a forma de educação que melhor se ajuste as necessidades de seus filhos.
Há alguns anos os indivíduos portadores de necessidades
especiais eram vistos como “doentes” e incapazes e sempre estiveram em
desvantagem. A posição deles era de alvos da caridade popular e da assistência
social e não de sujeitos de direitos sociais entre os quais se inclui o direito
à educação.
Durante muito tempo, os problemas das pessoas com
necessidades especiais foram se agravando devido a uma sociedade mutiladora que
se fixava mais em suas incapacidades do que em seus potenciais.
A educação inclusiva representa um passo concreto e
considerável em nossos sistemas escolares, para assegurar que todos os
estudantes comecem a aprender que o pertencer é um direito, não um status
privilegiado que pode ser conquistado.
A necessidade da inclusão é resultado de estudos ou projetos
das Secretarias de Educação e da realidade educacional que aponta na direção de
um sistema de educação centrado na diversidade humana.
Constitui-se numa proposta de reformulação e
implementação da Educação Especial e orientação, destinada a adotar políticas
de Educação Inclusiva para pessoas com necessidades especiais na escola, na
família e na sociedade.
Alguns anos atrás os alunos com necessidades especiais
eram preparados para adaptar-se ao sistema. Eles tinham de estar aptos, serem
capazes de integrarem-se, com isso uns acompanhavam o mesmo nível dos “normais”
e outros não. Daí a necessidade de se criar serviços de apoio garantindo a
permanência desse aluno na escola regular.
Discutida no contexto educacional, implica na
possibilidade de que estes alunos não somente freqüentem uma escola, mas também
aprendam e acompanhem o currículo regular através de um método pedagógico
utilizado para a população escolar considerada “normal”.
Para atender os alunos com necessidades especiais é
imprescindível, a reestruturação dos sistemas de ensino no que se refere à
administração do processo ensino-aprendizagem, o que implica também em repensar
a rede física, o mobiliário, os recursos humanos e materiais didáticos, para
que se possa expandir com qualidade, a educação inclusiva em todo o país.
A primeira escola a receber e valorizar alunos com
necessidades especiais foi uma Escola de Morrinhos, em Goiás, a partir daí
foram surgindo novas escolas como ponto de referência de inclusão.
Em 1999, as Subsecretarias de Educação de Goiás se
tornaram responsáveis por apoiar à inclusão. O núcleo vem encarregando algumas
escolas de atuar como referência de inclusão desativando, aos poucos, suas
salas especiais.
Tornar
realidade a educação inclusiva, por sua vez, não se efetuará por decreto sem
que se avaliem as reais condições que possibilitem a inclusão planejada
gradativa e contínua de alunos com necessidades educacionais especiais nos
sistemas de ensino. O processo deve ser gradativo devido a necessidade de uma educação especial como o ensino regular,
possam se adequar a nova realidade educacional construindo políticas e práticas
institucionais e pedagógicas que garantam o incremento da qualidade do ensino, envolvendo alunos com ou sem necessidades
educacionais especiais. A inclusão de alunos com necessidades educacionais
especiais em classes comuns exige da escola regular uma organização a oferecer
possibilidades objetivas de aprendizagem, a todos os alunos, especialmente aos
portadores de necessidades especiais.
A inclusão de pessoas com
algum tipo de necessidade especial no sistema regular de ensino do nível
fundamental à universidade, continua a ser uma luta no Brasil, mesmo com a
Constituição de 1988 garantindo a todos, irrestritamente, o acesso à educação.
O mais comum ainda é a matricula nas chamadas escolas especiais ou nas classes
especiais, salas específicas para portadores de necessidades especiais dentro
das escolas regulares.
O maior
problema é que a legislação e as portarias do MEC não são tão claras ao
tratarem da inclusão dessa população no sistema de ensino, favorecendo com isso
interpretações dúbias.
Sabe-se que crianças portadoras de necessidades podem ir
muito além dos estreitos limites que a sociedade e alguns laudos médicos
estabeleceram para elas. A evolução de alunos com deficiência mental, quando
colocados em convívio com os outros alunos, é radicalmente diferente do que
ocorre em Escolas Especiais, pois eles acabam adquirindo habilidades que
estimulam seu desenvolvimento cognitivo e mental, aumentando sua auto-estima e,
conseqüentemente, melhorando seu aprendizado.
Concordamos
que a pessoa portadora de deficiência é uma parte da sociedade, sim. Está vivendo em sua família, possui
possibilidade de educação e reabilitação, passa
seu lazer com pessoas próximas. É parte
desta sociedade, vive dentro dela e interage com os outros elementos da mesma.
Dependendo de seu grau de deficiência, porém, está vivendo em subsistemas mais
ou menos fechados: hospital, escola especial, centro de reabilitação, oficina
protegida... ou mesmo na rua pedindo esmola, em condições precárias de vida,
com poucos contatos, isolado, sobrevivendo... Sem dúvida, a pessoa portadora de
deficiência está sendo marginalizada ou segregada, pois lhe é impossibilitado
desfrutar dos benefícios previstos para a maioria da população, mas usufrui um
sistema, especialmente criado para suprir suas necessidades: o sistema de
educação especial. (MANTOAN, 1997:45)
Esse novo paradigma de ensino
vem propiciando, mesmo que ainda de maneira tímida uma saudável convivência,
chamada de educação inclusiva substitui urna antiga prática que buscava a
inserção escolar do portador de necessidade especial, através da integração.
A diferença entre os dois modelos é
enorme, como explica o assistente social e consultor em inclusão Romeu Kazurni
Sassaki, que há mais de 40 anos trabalha com a inserção social de portadores de
necessidades especiais. É a escola que tem de suprir as necessidades dos alunos
portadores de necessidades especiais para lhe garantir a permanência em sala de
aula.
A idéia
fundamental da Educação Inclusiva é adaptar o sistema escolar às diferentes
necessidades de cada aluno, uma vez que a mesma visa colaborar na
reestruturação do sistema educacional, capacitando os educadores para melhor
atender aos alunos portadores de necessidades especiais.
A inclusão é uma nova forma educacional, a qual os
professores devem se adaptar, aprimorando seus conhecimentos para o tratamento
das diversidades. Sendo assim, um estudo básico sobre as deficiências. Pois o
papel das escolas inclusivas é desenvolver uma pedagogia centrada na criança,
educar sem discriminar, respeitando as diferenças.
Algumas universidades já estão
adotando em seus currículos do curso de pedagogia disciplinas relacionadas com
as deficiências, pois as mesmas acreditam não poder atender o que não sabem. Para
que a inclusão do aluno portador de necessidade especial seja eficaz, é preciso
uma ampla e continua campanha de esclarecimento da sociedade em geral, das
autoridades educacionais e dos alunos das escolas comuns e especiais e de seus
familiares. Serão imprescindíveis os treinamentos dos atuais e futuros
professores comuns e especiais. Esses treinamentos deverão enfocar os conceitos
inclusivistas.
Vários
autores sugerem urna dimensão funcional nos objetivos da aprendizagem, para
levar em conta as peculiaridades cognitivas dos alunos podadores de
necessidades especiais, sem configurar uma modalidade especial para essas
pessoas.
A educação escolar inclusiva
questiona as questões, referentes à competência desses alunos, para enfrentar
as exigências acadêmicas, especialmente nos sistemas de ensino em que o
paradigma do ensino é dividido em dois: regular e especial. É que essa
subdivisão, muitas vezes dificulta a capacitação dos professores, em ministrar
urna educação de qualidade, comprometida com o desenvolvimento pleno das
possibilidades de cada aprendiz. Porque esses alunos têm o direito de viver
desafios para desenvolver suas capacidades e de conquistar autonomia social e
intelectual, decidindo e tomando iniciativas, em função de suas necessidades e
motivações.
A inclusão escolar é incondicional e, portanto, não admite qualquer forma
de segregação. Esta opção de inserção tem como meta principal não deixar nenhum
aluno fora do ensino regular, desde o início da escolarização, questionar o
papel do meio social no processo interativo de produção das incapacidades,
porque o deficiente tem o direito de se desenvolver corno as demais pessoas, em
ambientes que não discriminam, mas valorizam as diferenças.
Segundo (Almeida, 2004; p.15), o paradigma da inclusão só emergiu a
partir dos quatro eixos: da emergência da Psicanálise, da luta pelos direitos
Humanos; da Pedagogia Institucional e, do Movimento de Desinsistitucionalização
Manicomial ou Antipsiquiatria. Esses desencadeadores históricos é que iniciou e
delineou um problema público: a questão de inclusão social, que toma forma e
exige novas formas educacionais e sociais.
Em São Paulo a Instituição AVAPE, proporciona atendimento clinico aos portadores de necessidades especiais e
proporcionam a inclusão adolescentes, preparando-os
para o mercado de trabalho. As oficinas
de trabalhos manuais são mantidas em parcerias com fornecedores, como é caso da
fabricação de sabonetes e bijuterias. O mais curioso, é que o médico
idealizador, Dr. Brunini, sofreu paralisia infantil quando criança, e hoje é
maratonista, corre com muletas. O trabalho de assistência é feito por
pedagogos, psicólogos e tantos outros profissionais.
1.1. Posição do Brasil em relação outros países da América Latina
Em o informativo MEC, 2002, o Brasil é apontado como destaque na América Latina,
conforme os dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (Unesco), sendo o país da América Latina, que mais insere alunos com
necessidades especiais em escolas regulares, seguido do México e Chile.
Atualmente, 34,4% dos 566,753 estudantes com necessidades especiais do país
freqüentam a rede regular de ensino. A educação inclusiva ajuda no
desenvolvimento físico e intelectual dos alunos especiais, estimula valores
como respeito e companheirismo e os professores tem melhor desenvolvimento
profissional ao lidar com as diferenças na sala de aula.
O programa criado pelo MEC, Direito à Diversidade tem como meta promover
a educação inclusiva, priorizando a formação de professores para que todos os
alunos possam ser atendidos de acordo com suas necessidades. Os docentes atuam
como multiplicadores em suas regiões. Até o término de 2005, 23 mil novos
professores teriam se formado.
Pela primeira vez o MEC está distribuindo livros em braile para que todos
os alunos cegos do ensino fundamental, matriculados na rede pública e privada
sem fins lucrativos. A iniciativa beneficiaria 5.200 alunos. Em 2004, o MEC
iniciou a distribuição de livros paradidáticos para estudantes cegos do ensino
fundamental. Foram beneficiados 3.717 alunos, de 2.128 escolas.
Para ampliar a produção desses
livros, foram investidos 2,5 milhões na modernização do parque gráfico do
Instituto Benjamin Constant, a instituição é vinculada ao MEC e especializada
no tratamento da pessoa cega.
CAPÍTULO II
ESCOLA:
AMBIENTE DE INCLIUSÃO
A reportagem da
Revista TV Escola “Ambiente de Inclusão, 2001 p. 26, 28 a 32, apresenta Goiás como
um dos estados que mais leva a sério a inclusão. Relatos de experiências comprovam
o compromisso das escolas inclusivas ao valorizar os alunos com necessidades
especiais.
Quem circula pelas
salas de aula da escola Alfredo Nasser vê claramente o compromisso de todos com
a inclusão, incluir para as professoras da Escola Alfredo Nasser é respeitar as
diferenças e dificuldades e apoiar capacidades de qualquer aluno.
Entre inúmeras
experiências citadas aqui, percebe-se o apoio da Subsecretaria da Educação para
a região de Morrinhos que funciona a equipe de apoio à inclusão, formada pela
psicóloga Maiza Barros Pinheiro, assistente social Glória Maria Pequeno de
Azevedo, a fonoaudióloga Ronise Gomes Canedo e a pedagoga Jackeline Fernandes
de Moura. Entre outros recursos, este grupo utiliza vídeos da TV Escola que
ajudam a sensibilizar professores quanto às deficiências. Programas do Salto
para o futuro como os da serie PCN ao projeto educativo da escola foram
utilizados nesse processo.
A Escola Alfredo
Nasser tornou-se um modelo de inclusão porque resolveu encarar os próprios
medos e preconceitos.
A escola utiliza
inúmeros recursos tecnológicos, é uma das escolas pioneiras por ter seu próprio
laboratório de informática e cursos do então Núcleo de Tecnologia Educacional –
NTE. De uma hora para outra seus professores estavam comprometidos com o
Proinfo, a TV Escola, e a capacitação para atendimento de alunos com
necessidades especiais. Uma nova figura surgiu, o dinamizador.
Além das boas
intenções o compromisso assumido desde 1999 das subsecretarias de Goiás
instaladas em 32 municípios sede de regiões, são responsáveis por apoiar nas
escolas o trabalho de núcleo de apoio à inclusão. O núcleo vem encarregando
algumas escolas de atuar como referência para a região de Morrinhos, por causa
da proximidade com a Escola de Reabilitação Alice Ferreira, instituição
municipal que atende e encaminha pessoas portadoras de necessidades especiais
para serviços públicos. Com um número maior de alunos com necessidades
especiais do que outras escolas, a escola estadual já vinha procurando
trabalhar de forma inclusiva. Foi tornar-se a escola como referencia em 2000
com a formação de uma equipe de apoio à inclusão.
Faz parte do
trabalho um olhar atento para os problemas. Parece simples trabalhar com a
inclusão, mas não é fácil admitir preconceitos. E eles atrapalham, mesmo quando
se esconde atrás de boas intenções.
Já o artigo da Revista Nova
Escola, “A Escola que é de todas as crianças”, 2005 escrito por Meire
Cavalcante, revela que o número de estudantes com algum tipo de necessidade
especial cresce a cada ano na rede regular de ensino. Em 1998 havia apenas 43,9
mil alunos matriculados nas redes públicas e privada de ensino. Em 2003, eram
144,1 mil, em 2004 chegaram a 180,7 mil – um crescimento anual recorde de
28,1%. Os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep) não deixam dúvidas de que o movimento da inclusão no
Brasil é irreversível.
O crescimento não acontece por
acaso. A Constituição Brasileira de 1998 garante o acesso ao Ensino Fundamental
regular a todas as crianças e adolescentes sem exceção, ganhando reforços com a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, Convenção de Guatemala,
de 2001, que proíbe qualquer tipo de diferenciação, exclusão ou restrição baseada
na deficiência das pessoas, configurando-se que mantê-las fora do ensino
regular é considerado exclusão – é crime; assim como o direito da pessoa
deficiente na educação comum está implícita na Declaração Mundial da Educação
para Todos, aprovada pela ONU em 1990 e que por sua vez inspirou o nosso Plano
Decenal de Educação e Desporto, (1993).
A UNESCO registrou na Declaração de Salamanca (1994a)
o conceito de inclusão no campo da educação comum. Esse mesmo documento
menciona os conceitos de “inclusão”, “educação inclusiva”, “abordagem de educação
inclusiva” “classes inclusivas” “escolas inclusivas”, “princípios de inclusão”
“escolaridade inclusiva” “políticas equacionais” “provisão inclusivas” às
necessidades educacionais “especiais “inclusão na educação e no emprego”, e
também de sociedade inclusiva (p. 6,11,13, 17, 19. 21, 22, 27, 31, 33, 41, 45,
46 ) .
Na seqüência, a Assembléia Geral da ONU aprovou o
documento Normas sobre Equiparação de Oportunidades para Pessoas com
Deficiência (1996) que diz:
-
As
autoridades da educação comum são responsáveis pela educação de pessoas com
deficiência em ambientes inclusivos. Elas devem garantir que a educação de
pessoas com deficiência seja uma parte integrante do planejamento educacional
do desenvolvimento de currículo e da organização escolar.
-
A
educação em escolas comuns pressupõe a provisão de intérprete e outros serviços
de apoio adequados. Serviços adequados de acessibilidade e de apoio, projetados
para atender as necessidades de pessoas com diferentes deficiências, devem ser prestados ( p.28).
O debate constante, a divulgação de experiências
bem-sucedidas e a conscientização crescente sobre o que dizem as leis têm se
refletido positivamente nas estatísticas educacionais. O número de matriculas
dessas crianças em escolas especiais caiu: passou de 87,7%, em 1998, para 65,6%
em 2004. Apesar do avanço, a maioria continua sem ter seus direitos garantidos.
“Nem os pais dessas crianças podem
mantê-las em casa ou apenas em escola especial”, afirma Eugenia Augusta
Fávero, procuradora da Republica, “Entendida
a lei, a discussão deve ser sobre a qualidade da educação para todos, e não só
para crianças com deficiência. A inclusão faz parte de um grande movimento pela
melhoria do ensino”, afirma Cláudia Dutra Pereira, secretária da Educação
Especial do Ministério da Educação. O primeiro passo para que isso aconteça é
olhar a educação de outro jeito.
Os especialistas em inclusão afirmam que a escola,
organizada como está produz a exclusão. Os conteúdos curriculares são tantos
que tornam os alunos, professores e pais reféns de um programa que pouco abre
espaço para o talento das crianças. Assim, que não acompanha o conteúdo está
fadado a exclusão e ao fracasso. “Isso
ocorre não só com crianças com deficiência. A escola trabalha com um padrão de
aluno e que não se encaixa nele fica de fora”, afirma a educadora Maria
Tereza Egler Mantoan, coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em
Ensino e Diversidade da Universidade Estadual de Campinas.
A inclusão não atende apenas as crianças com
deficiência, mas também as excluídas ou discriminadas. Quantas vezes, o
professor de qualquer localidade deste país tem se deparado com uma determinada
situação em que ao se organizar trabalhos em grupo, a menina gordinha ou o
garoto negro, foram isolados de seus colegas? E na aula de Educação Física
quantos foram ignorados por não serem jogadores exímios? A discriminação não
ocorre apenas entre estudantes. Muitas vezes as avaliações servem mais para ver
quem se encaixa nos padrões de aluno ideal do que para medir o progresso de cada
um, dentro de suas possibilidades. “Esse
padrão só gera sofrimento, pois a criança tenta atender as expectativas de uma
escola que não valoriza seu potencial” afirma, a educadora Rosangela
Machado, coordenadora de Educação Especial do município de Florianópolis.
Os alunos superdotados também são muitas vezes
negligenciados, pois geralmente vão bem nas avaliações e não dão trabalho com o
conteúdo. E na Escola que não valoriza a diversidade, o conteúdo é
determinante. Municípios conscientes já oferecem atendimento educacional
especializado para essas crianças nas mais diversas áreas, no contraturno.
A Educação Especial atualmente é entendida como a
modalidade de ensino que tem como objetivo quebrar as barreiras que impedem a
criança de exercer a sua cidadania. O atendimento educacional especializado é
apenas um complemento da escolarização, e não um substituto. Essa com concepção
vêm sendo aplicada com sucesso na rede de Florianópolis. Em 2001, o município
começou a adaptar escolas, capacitar professores comprar equipamentos para
atender a todas as crianças. A rede criou as chamadas salas multimeios,
instaladas em escolas pólo que servem outras escolas e creches das redondezas.
Lá são atendidas crianças cegas, com baixa visão, surdas, com dificuldades motoras
e surdas e cegas. Os professores dessas salas são capacitados para ensinar
libras; (língua brasileira de sinais); braile (língua portuguesa para surdos
chamada também de L2) e o uso de instrumentos como o soroban (ábaco japonês).
Os alunos com dificuldade de comunicação aprendem formas alternativas de
expressão por meio de recursos muitas vezes simples – como uma chapa de metal
com letras imantadas – ou mais elaboradas – como computadores adaptados ou uma
lupa que projeta na TV o texto ampliado.
Taila de Oliveira Aguiar, de 13 anos, utiliza esse
atendimento. Ela está na 4ª série da Escola Básica Luiz Candido da Luz e
assiste às aulas como todas as outras crianças. Hoje ela quase não enxerga e,
apesar de já ser alfabetizada, precisa reaprender a ler e escrever em braile.
Para ler, ela treina a sensibilização das pontas dos dedos e para escrever,
aprende a usar o reglete. Essas técnicas são dadas nas salas multimeios pela
especialista Geisa Letícia Kempler Bôck, que trabalha em parceria com a
professora regente de Taila, Nádia Oliveira de Souza Vieira. “Antes das aulas, passo para a Geisa os
materiais que usarei. Ela transcreve tudo no braile e elabora materiais que
ajudam a compreensão do conteúdo pelo toque”, afirma Nádia. O trabalho na sala multimeios dá a alunos
como Taila instrumentos para participar da vida na sala de aula e fora da
escola”, explica Geisa. “Quando eu
enxergava era bem mais fácil. Mas gosto da escola porque a professora Geisa me
ensina o braile e aprendo lições com a Nádia. Meus amigos também me ajudam
muito, conta a garota.
Nessa reportagem, os leitores podem achar que a
organização escolar só funciona com crianças com deficiência física, sensorial
e mental leve, entretanto é possível incluir outras que apresentam comprometimento
severo. Um exemplo é Nayara Albuquerque Gomes da Silva de 12 anos, aluna da 5ª
série da Escola Viva. Desde que chegou a escola, em 1998, a família mantém uma
acompanhante para ajudar em sua higiene e alimentação. No início foi difícil. Ela
tirava roupa, tinha medo de estranhos e era agressiva. Com o tempo e a
dedicação dos professores, ela começou a desenvolver meios alternativos para
reconhecer as pessoas – a voz, o perfume, ou algum acessório, como uma
pulseira. É impressionante o carinho que Nayara tem pelos seus professores e
seus colegas. Ela fala pouco, mas expressão que sente pelo abraço. O que ela
mais gosta e de cantar, afirma a professora Simone Fernandes Saraiva, que deu
aulas para Nayara do pré a 4ª série.
Muitas vezes, há casos aparentemente graves, mas
que têm uma verdadeira reviravolta com a inclusão. Foi o que aconteceu com João
Gabriel de 14 anos, aluno da 7ª série da
mesma escola de Nayara, freqüentador desde 2002. Ele tem síndrome de
Down, e até 10 anos permaneceu em uma instituição especializada. Ao entrar em
contato com outras crianças teve dificuldade de se socializar, não entrava na
sala, era agressivo e xingava. “A criança aprende por imitação. O referencial
dele era de crianças com deficiências mais graves, que não andavam ou falavam”
explica a diretora Rosana. Aos poucos ele foi compreendendo como a escola
funcionava. Hoje seu melhor amigo se chama Renato, colega de turma. Com ele
aprendeu a curtir rap e dança como ninguém!
Quando se fala em benefício que inclusão traz, o
primeiro pensamento que surge é o de que as pessoas com deficiências têm mais
chances de desenvolver como ocorreu com João. Mas todos ganham ao exercitar a
tolerância e respeito. Professores que vivem diariamente a experiência, afirmam
quem aprende mais somos nos. Só quem tem contato com essas crianças percebe que
lidar com elas não é difícil. É um privilégio, afirma Simone.
As crianças também percebem o quanto é necessário
observar e respeitar a necessidade dos amigos. “A Taila não consegue ver e o único jeito de ela prestar a atenção na
aula é ouvindo. Por isso a gente faz silêncio” conta Jéssica silva de 10
anos. Esse senso de responsabilidade pelo bem-estar do outro e um exercício
constante nas escolas inclusivas, por isso é comum, na hora do recreio, a rampa
que dá acesso ao pátio estar cheia de
crianças, em vez de usar as escadas, elas fazem questão de acompanhar os amigos
com deficiência.
Para integrar as turmas, a professora Geisa,
responsável pelas sala multimeios, ensina o
coral da escola em libras. Detalhe: todos os alunos do coral são
ouvintes. ”Ensinamos libras às crianças
para que o aluno surdo possa se comunicar com elas e participar da rotina da
escola com os demais. Eles adoram aprender uma segunda língua”. Explica
Geisa.
Muitos pais já ouviram, essa frase, “desculpe, mas não estamos preparados para
receber seu filho com deficiência na escola regular”. Realmente muitas
escolas privadas não podem manter os custos de atendimento educacional
especializado e as públicas não recebem recursos e capacitação. Mas recusar a
matricula e crime. Em seu livro, Direitos das Pessoas com deficiência (Editora
WVA) Eugênia Fávero lista medidas a serem tomadas pela escola: eliminar as
barreiras arquitetônicas, estabelecer práticas pedagógicas que valorizem a
diversidade e que não avaliem para excluir ou categorizar as crianças e fazer
parcerias.
Na Escola Viva, particular não existe atendimento
educacional especializado, mas todas as crianças com deficiência freqüentam
instituições especializadas que trabalham em parceria com a escola. Desta
forma, a coordenação e os professores aprenderam que seria importante para
Nayara saber sobre a organização e os horários da turma. Desde então, todo
professor que entra na sala entrega a ela um objeto relacionado à matéria, como
uma régua ou uma caneta. A conversa entre especialistas das instituições e a
escola e constante. “O fisioterapeuta, o psicólogo ou o médico colaboram com
seus conhecimentos, mas quem cuida do conteúdo pedagógico e o professor afirma
Rosana Ramos. Na rede municipal de Florianópolis, o atendimento educacional
especializado não é feito na sala multimeios, e sim, por parcerias com a
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais e a Vida em Movimento,
instituições especializadas que recebem apoio financeiro da prefeitura.
Quando a estrutura não oferece o básico, os
parentes são fundamentais, pois as crianças não podem esperar a escola se
preparar. Por isso, na rede pública, feitas as adaptações físicas adequadas, e
estabelecidas as parcerias, o passo seguinte é cobrar da rede pública verba e
apoio pedagógico. Há pelo menos 13 anos que se lida com a inclusão. Até quando
vamos alegar que não estamos preparados? Diz Rosângela Machado, de
Florianópolis. Muitas pessoas já pararam de fazer essa pergunta e passaram a
ação. Entender a inclusão não significa apenas cumprir a lei. Significa levar a
escola crianças que vivem isoladas de um mundo que tema a ganhar com sua
presença. E mais fazer com que muitos alunos – que sempre estiveram nas salas
regulares - vivam na diversidade. Um dos papeis da escola é praticar a
responsabilidade pelo outro e estimular as crianças a fazer o mesmo.
Entre tantos relatos torna-se oportuna a reportagem
da Revista Aprende Brasil, 2004, refere-se à diversidade no interior de São
Paulo. Partindo da iniciativa de um garoto de classe média, o destino de muitas
crianças carentes de uma pequena cidade do interior paulista foi modificada, em
função da sua necessidade por reforço pedagógico, esse fato, levou a criação de
um centro de educação para atendimento de surdos, apontada hoje como referencia
no trabalho de apoio e inserção. Inspirado em um projeto universo acadêmico, o
Centro Municipal de Ensino Especial para surdos, Edna Cristiane Chiozini, em
Matão, município com pouco mais de 100 mil habitantes a 20 quilômetros de
Araraquara, é produto do trabalho e empenho de um grupo de educadores que
investe tempo e inteligência no desenvolvimento e aprimoramento do ensino de
crianças e jovens com necessidades especiais. Na prática funciona como um elo
entre ensino curricular e uma formação integral do aluno portador de
necessidades especiais. “visamos a
formação integral de alunos emocional, moral, artística , social e profissional
e intelectual atendendo-o de modo individual e com métodos adequados, explica a
diretora do Centro, professora Adriana.
O que existe é uma completa integração entre
crianças, jovens e alguns adultos que convivem lado, ajudando-se mutuamente na
tarefa de superar um pouco mais a cada dia que passa, a espinha dorsal do
projeto pedagógico e o ensino da Matemática e da língua Portuguesa, por
proporcionarem o domínio do raciocínio lógico e da comunicação, pontos-chave
para um melhor aproveitamento na aprendizagem curricular. Mas o leque do
aprendizado passa pelas aulas de Fonoaudiologia e de Educação Física. Desde
2002, os alunos contam também com o ensino de informática artesanato e
marcenaria. “Eles aprendem com as
próprias professoras que foram se especializar para poder ensinar as noções
básicas em cada uma das áreas, reforça a diretora, explicando que as
oficinas foram montadas a partir de uma campanha de arrecadação realizada também
pelo grupo docente.
O trabalho não para por aí. Os alunos são preparados
para trabalhar no comércio da cidade, muitos puderam casar e constituir
família.
Verifica-se neste capítulo, que a inclusão depende
de ação conjunta do sistema educacional e da predisposição dos profissionais
que atuam no ambiente escolar. Incluir
não significa apenas abrir espaços para que as crianças portadoras de
necessidades freqüentem a escola ou conviva com outras crianças. A
responsabilidade com elas é muito, pois o propósito não é apenas criar
condições para que elas aprendam, e sim fazer com elas exerçam seu papel como
cidadãos e que possam ser felizes, independente do grau de deficiência.
CAPÍTULO III
ESCOLA INCLUSIVA, A FORMAÇÃO DE
PROFESSORES E RELAÇÃO ENTRE A
PSIOCPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
Nota-se que a educação inclusiva se ajusta ao contexto real da escola em
que responde aos desafios que se apresentam, o espaço da escola em si, deve ser
vista como espaço de todos e para todos.
Este modelo implicará na busca de alternativas que garantam o acesso e a
permanência de todas as crianças e adolescentes. O que se deseja na realidade,
é a construção de uma sociedade inclusiva compromissada com as minorias cujo grupo inclui os portadores de
necessidades educativas especiais.
Segundo a Organização das Nações Unidades (ONU), o Brasil possui cerca de
quinze milhões de deficientes, cuja grande maioria provavelmente está
aguardando a oportunidade de participar da vida de uma sociedade, como é seu
direito. Para tal, necessita de uma nova escola que saiba refletir criticamente
e pesquisar; deverá ser corajosa para criar e questionar o que está
estabelecido, em busca de metas inovadoras, e em respeito as necessidades
de inclusão. Como diz (Mantoan 1997,
p.67) “[...]. Cabe a escola encontrar
respostas educativas para as necessidades de seus alunos”.
Buscar respostas para atender a diversidade, torna o processo pedagógico enriquecedor,
proporcionando uma melhor qualidade de educação para todos. Só assim a escola
inclusiva atuará, compreendendo o aluno portador de necessidades educativas
especiais, passando a compreendê-lo respeitando-o na sua diferença,
reconhecendo-o como pessoa que tem determinado tipo de limitação, mas que
também possui seus prontos fortes. Por isso, é necessário que se abandonem os
rótulos, as classificações, procurando levar em conta as possibilidades e
necessidades impostas pela deficiência. É preciso que se ative em favor de um
movimento de desagregação, no sentido de trazer a escola regular aqueles que,
até então, nunca tiveram acesso a ela. Para tanto, precisa valer-se das
diferentes modalidades de atendimento de Educação Especial expressas na política
nacional (MEC, SEESP 1994). Estas modalidades deverão ser no interior das
escolas regulares. Elas se caracterizam como alternativas de procedimentos didáticos
específicos e adequados às necessidades educacionais desses alunos e implicam
espaços físicos, recursos humanos e materiais diferenciados.
As modalidades de Educação Especial de maior integração são: classe
comum, classe especial, professor itinerante e sala de recursos. Essas têm como objetivo atender a diversidade
dos alunos que compõem o grupo de necessidades educativas especiais. Desta
forma, poderão oferecer igualdade de oportunidades em meio às diferenças
visando o exercício da cidadania de todo e qualquer indivíduo democratizando a
educação. E de acordo com esse propósito segue em anexos as estratégias para
serem utilizadas por professores.
O planejamento da ação educativa deve ser participativo, envolver os
educadores da educação especial e da educação regular. O professor
especializado deve participar de todas as ações, opinando, bem como de todo
planejamento em suas fases de elaboração, execução e avaliação. O professor
deve assumir, integrar a equipe escolar, socializando o seu saber com os
demais.
Discutir a escola como espaço inclusivo, implica analisar criteriosamente
a questão do fracasso escolar, o qual vem acontecendo a partir de diversos
pontos de vista: aspectos sociais, econômicos culturais biológicos,
psicológicos. No entanto, o fracasso propriamente tido ocorre entre alunos das
classes sociais mais baixas. Estes encontram inúmeras barreiras no cotidiano
escolar.
Não resta dúvida de que existe uma relação entre prática educativa e
dimensão política, e que toda prática política possui uma dimensão educativa. O
capitalismo que, na sua essência, exige, exclusão, quando aplicado em sociedades
periféricas, faz da exclusão uma regra.
A escola existe em função do aluno, o qual se ingressa em busca de
conhecimentos, de habilidades, para aprender a se relacionar na sociedade. Se
isso não ocorre, a escola não está cumprindo sua função. O sucesso dos alunos
não depende da capacidade de se adaptarem aos códigos existentes dentro dela.
Essa é a caracterização da cultura do fracasso. Essas crianças com carência
social e cultural são vistas como incapazes de aprender e avançar dentro de uma
escola acabada e perfeita que se julgue imune a qualquer avaliação.
A escola como espaço inclusivo deve encarar o desafio, preparando-se para
lidar com determinadas situações, pois a forma mais cruel e irremediável de
exclusão escolar, é sem dúvida a da exclusão social, é a não garantia de acesso
e permanência de todos na escola, pois nega o direito elementar de cidadania.
Urge pensar numa renovação pedagógica, que considere as diferenças. Não
resta dúvida de que a qualidade da educação tem importância prioritária para o
crescimento econômico, social e político de um país.
Cabe aos governantes formular políticas que assegurem a inclusão dos
excluídos e estabelecer metas e procedimentos eficientes de inclusão e de
ampliação da cidadania.
3.1. A questão curricular
Inserir os alunos com necessidades especiais na rede
regular do ensino constitui o primeiro passo para a inclusão, porém o passo
mais significativo deve ser seguido de medidas pedagógicas que garantam o aceso
à aprendizagem e ao conhecimento. É preciso agilizar os meios que efetivem a
possibilidade e a permanência do aluno na escola, favorecendo-lhe seu acesso ao
currículo.
A prática da inclusão da realidade brasileira denota
certas dificuldades: despreparo do sistema regular de ensino para atuar no
processo; resistência da comodidade escolar na aceitação dos alunos (conforme
Carvalho & Monte, 1994); e fatores diversos de natureza familiar,
institucional e sociocultural.
As necessidades especiais devem ser atendidas por meio
do currículo regular, de maneira adaptada ou não.
A vivência escolar tem demonstrado que a inclusão pode
ser favorecida quando se observam as seguintes providências: preparação e
dedicação dos professores; apoio especializado para os que necessitam; e a
realização de adaptações curriculares e de acesso ao currículo, se possível.
O currículo pode representar um grande obstáculo para
os alunos com necessidades educacionais especiais na escola regular, sobretudo,
quando ele impõe uma referência homogênea a ser alcançada por todos os
educando, independentemente das condições particulares que possam apresentar.
Considerando esses obstáculos um entrave para educação,
é que os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) constituem referências
válidas para guiar a educação dos alunos com necessidades especiais, assim como
os demais alunos. Seus pressupostos, objetivos e indicações consideram questões
pedagógicas do fazer educativo de forma a atender à diversidade dos alunos na
escola e as particularidades de sua cultura.
Assim a escola deverá:
1- Preparar o aluno para o sucesso
profissional e vida independente.
-
Promover
profissionalização (trabalhador capacitado, produtivo etc.)
-
Provendo
o programa de desenvolvimento da vida profissional e vida independente
(trabalhador responsável pessoa com habilidades sociais e cidadãos
independente) Adaptação e uso de técnicas de supervisão empresarial:
-
Dar
feedback imediato pelo bom desempenho do aluno
-
Modelar
comportamento, mostrando comportamento específico a ser aprendido.
-
Modificar
tarefas designadas, dependendo da facilidade/ dificuldade do aluno.
-
Fazer
o aluno “espelhar” num funcionário da escola (quanto aos hábitos de trabalho)
-
Descrever
expressamente as responsabilidades da tarefa (objetivo, prazo, apresentação de
relatório etc).
-
Usar
lista de verificação de todo o processo de execução da tarefa tipo (Sim, Não)
-
Elaborar
instruções detalhadas
-
Apontar
um comportamento social inadequado e oferecer sugestões para melhorá-lo
-
Pedir
ao aluno que aponte as instruções que não entende.
2- Preparar a própria escola para incluir
nela o aluno portador de deficiência.
-
Sensibilização
e treinamento dos recursos humanos da escola (todos os funcionários de
todos os níveis)
-
Reorganização
dos recursos materiais e físicos da escolar
-
Preparar
a comunidade para incluir nela o futuro trabalhador.
-
Sensibilização
das empresas, entidades e órgãos da comunidade através de palestras, exposições
visitas e outros eventos.
-
Sensibilização
de pais de alunos (deficientes e não deficientes) para um papel mais ativo em
prol de uma escola inclusiva e de uma sociedade inclusiva.
A preparação ocorre em sala de aula nos setores
operacionais da escola e da comunidade, aliada a uma ação conjunta de direção,
corpo docente da escola, das autoridades educacionais, dos profissionais da
educação especial e/ ou de reabilitação, dos líderes de movimento dos
portadores de deficiência e representantes da comunidade.
3.2. Formação de professores para inclusão
Uma das condições de funcionamento da escola é o
professor, apesar de ter consciência desse fato, a instituição escolar terá de
buscar novos posicionamentos diante dos processos de ensino e de aprendizagem,
orientados por concepções e práticas pedagógicas que atendam a diversidade
humana.
Exige-se nesse momento, dos professores, outros
conhecimentos além dos que receberam nos seus cursos de formação para o
magistério. Da mesma forma, também os cursos de nível médio e superior de
formação de professores necessitarão de grandes mudanças em sua estrutura
curricular.
A reforma da formação de professores se faz necessária,
pois precisam aprender a identificar e atender às necessidades especiais de
aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos portadores ou não de
deficiência.
Não somente na educação infantil é fundamental, o
objetivo principal é satisfazer as necessidades especificas de aprendizagem de
cada criança e aprender a desenvolver o seu potencial, a partir de sua
realidade particular. Isso exige dos professores, maior sensibilidade e
pensamento crítico a respeito de sua prática pedagógica, que tem como prioridade
a autonomia intelectual, moral e social de seus alunos.
Parte do movimento de inclusão, o professor capaz de
conviver com os diferentes, superando os preconceitos em relação às minorias.
Deve estar preparado para adaptar-se as novas situações que podem surgir no
interior da sala de aula.
Os cursos de formação de professores devem ter como
finalidade, a criação de uma consciência crítica sobre a realidade que eles vão
trabalhar e o oferecimento de uma fundamentação teórica que lhes possibilite
uma ação pedagógica eficaz.
É dever do Estado investir com seriedade na formação
inicial e continuada dos profissionais de educação e de forma específica, na
formação do magistério para todos os níveis e modalidades educacionais. Esta
formação, em todas as instâncias, precisa concordar com a política educacional
brasileira urgente que prevê a inclusão/
integração dos alunos com necessidades especiais no ensino regular e também,
com a oferta de serviços de Educação Especial para atender as necessidades
educativas especiais.
3.3. O Papel do professor diante da inclusão
A atitude do professor é um dos fatores que mais
contribui para o sucesso de qualquer medida de integração da criança com
deficiência.
Atingir esse objetivo da integração depende
exclusivamente do papel do professor, determinação de variáveis como a sua
vontade, em levar a cabo as tarefas de ensino destes alunos e a sua formação ou
preparação pedagógica para o fazer.
Sendo um fator preponderante a atitude do professor, é
que experiências como a de Débora Araújo SEABRA de Moura de 25 anos, portadora
da síndrome de Down, em o Informativo do MEC, 2005, ela pode vencer os
preconceitos, a rejeição da família, graças ao desenvolvimento da sua
auto-estima. Estudando em escola regular desde os dois anos, nunca se escondeu,
fez amigos e descobriu a vontade lecionar, graças ao incentivo de sua
professora colocando-a como sua auxiliar da pré-escola, no colégio Imaculada
Conceição, onde concluiu o ensino fundamental. A sensibilidade de Débora
cativou as crianças. A partir daí tomou uma decisão, seria professora.
As dificuldades se somaram, porém Débora motivou-se a
escrever ima carta a direção da escola, exigindo respeito. Discriminação é
crime. Com o tempo, ela provou sua capacidade de trabalhar com crianças em estágio
como no Núcleo Educacional Infantil, da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN), conquistou a admiração de todos.
O curso de
magistério foi concluído no final de 2004, em Natal. Agora Débora luta pelo
direito de exercer sua profissão como professora auxiliar e, assim escutar as
palavras que mais gosta: professora Débora.
3.4. A Relação entre Psicopedagogia Institucional e
Inclusão
Esta relação entre Psicopedagogia
Institucional deve levar em conta o surgimento da Psicopedagogia
como necessidade de se sistematizar
idéias provenientes de outras áreas, no sentido de estruturá-la como um corpo
de conhecimentos. Vê-se que
a sua contribuição está na busca
de soluções para a problemática da aprendizagem.
E constatar que é a aprendizagem a responsável pela inserção da pessoa no mundo
da cultura, e que a Pscopedagogia Institucional pode atuar no contexto da
inclusão, por considerar que é através
da aprendizagem que o portador de necessidades especiais pode
ser incorporado ao mundo cultural, com uma participação ativa ao se apropriar
do conhecimento e técnicas, construindo
em sua interioridade um universo de representações simbólicas.
CAPÍTULIO IV
ESTUDO DE CASO: INCLUSÃO NAS ESCOLAS
DE SÃO MIGUEL DO ARAGUAIA
Ao contextualizar a contribuição
epistemológica de Piaget e Vygostky para a educação, pode-se perceber que as
suas teorias emergem como pressupostos indispensáveis ao trabalho
psicopedagógico.
Levando
em conta as duas funções características de Piaget todos os organismos vivos:
organização e adaptação. O desenvolvimento intelectual consiste em mudanças
progressivas e seqüenciais na estrutura da organização. Os sistemas ou
estruturas cognitivas mudam através da adaptação. Por sua vez a adaptação e
composta de dois processos invariantes; quando a criança aplica estruturas
cognitivas existentes à nova informação ao mesmo tempo, a nova informação e
assimilada é incorporada às estruturas cognitivas existentes podem ocorrer também
com pessoas portadoras de necessidades especiais
Esses
processos suscitam mudanças nas estruturas cognitivas, habilitando o individuo
a interar melhor com o seu ambiente em mudança, na medida em que sublinham
todas as adaptações estruturais e matem um estado de equilibração. Sempre que
ocorre um estado de desequilíbrio, o crescimento intelectual terá lugar se a
criança for capaz de reconhecer a contradição ou discrepância entre o que suas
estruturas cognitivas podem admitir e o que a nova situação exige. Mediação (vygotsky)
assimilação (Piaget) são conceitos que se
completam, pois nós assimilamos o mundo e as coisas pela mediação de
imagens mentais, memória de estruturas
operatórias de classificação, seriação, casualidade etc. e principalmente da palavra.
Para
Vygotski, a criança já nasce num mundo social e, desde o nascimento vai
formando uma visão desse mundo através da interação com adultos ou crianças
mais experientes a construção do real é, então, mediada pelo interpessoal antes
de ser internalizada pela criança. Desta forma, procede-se do social para o
individual, ao longo do desenvolvimento.
Piaget
acredita que a aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento e em pouco impacto
sobe ele. Com isso, ele minimiza o papel da interação social. Vigotsky ao
contrário, postula que o desenvolvimento e aprendizagem não são processos que
se influenciam reciprocamente, de modo que quanto mais aprendizagem, mais
desenvolvimento.
Segundo
Piaget, o pensamento aparece antes da linguagem, que uma das suas formas de
expressão. A formação do pensamento depende da coordenação dos esquemas sensorimotores e não da linguagem e a criança portadora de
necessidades especiais também é percebida para que possa se desenvolver e que essa criança
alcance um determinado nível de
habilidades mentais, subordinando-se pois, aos processos de pensamento. A
linguagem possibilita a criança evocar um objeto ou acontecimento ausente na
comunicação de conceitos.
Piaget,
todavia, estabelece uma clara separação entre informações que podem ser
passadas por meio da linguagem e os processos que não parecem sofrer qualquer
influência dela. Este é o caso das operações cognitivas que não podem ser
trabalhadas por meio de treinamento especifico feito com auxilio da linguagem..
Já
para Vygosky, pensamento e linguagem são processos interdependentes, desde o
inicio da vida, a aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções
mentais mais superiores ela dá forma definida ao pensamento, possibilita o
aparecimento da imaginação, o uso da memória e o planejamento da ação, tanto
assim que a escola se torna responsável em dar seqüência.
Nesse
sentido, a linguagem, diferentemente daquilo que Piaget postula, sistematiza a
sua experiência direta das crianças e por isso adquire uma função central no
desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos que nele estão em
andamento.
Portanto,
todas essas teorias são relevantes para o trabalho pedagógico, na medida em que
a escola possa aperfeiçoar seus processos sensoriais, perceptivos e
imaginativos. Isso pode ser alcançado por meio de experiências que estimulem a
exploração, a experimentação e a criação.
Atentando
para essas teorias é que foi feita uma análise, aqui em São Miguel do Araguaia,
a Escola Estadual Castelo Branco, surge como referência para as cidades
circunvizinhas por causa do número de alunos portadores de necessidades
especiais que já foram inseridos. Antes da implantação do projeto, a escola já
trabalhava de forma inclusiva. Esta escola tornou-se ponto de referência com
apoio da equipe de Inclusão da Subsecretaria de São Miguel do Araguaia.
Em 2001, outras foram incluídas como escolas
inclusivas, também as Escolas São Francisco de Assis, Escola Evangélica
Araguaia, na qual trabalho com inclusão, realizando o trabalho de intérprete de
Libras. Os professores têm como suportes, regentes de apoio capacitados para
trabalhar nas escolas inclusivas.
Em 2002 foram implantada a Educação Inclusiva nas
escolas Municipais tendo como referências as escolas Municipais Geraldo
Ferreira Borba e a Escola Municipal Faria, as mesmas foram adaptadas para
receber as crianças que saíram da APAE para freqüentar as escolares regulares. Nos
anos de 2002, 2003 e 2004 vários cursos de capacitação para professores foram
realizados em parceria com a secretaria de Educação do Estado e Superintendência
do Ensino Especial.
Já em 2003, a Escola Municipal Maria Astéria, passou a
ter sede própria e com isso foi ampliada para receber os alunos portadores de
necessidades especiais.
Brevemente a UEG terá sua sede própria,
com sua estrutura adaptada para atender as pessoas com de necessidades educacionais
especiais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo
procurou-se mostrar que a inclusão se principia com a construção de
experiências de inserção social. Em várias partes do mundo, sobretudo no
Brasil, modificações pequenas e grandes vêm sendo feitas em setores como
escolas, empresas, áreas de lazer, edifícios e espaços urbanos, para
possibilitar a participação plena de pessoas deficientes, com igualdade de
oportunidades junto a população geral. Formalmente a ONU – Organização das
Nações Unidades estabelece, por meio da resolução 45/91 da Assembléia Geral de
1990, a meta de concluir até 2010 o processo de Construção de uma sociedade
igualitária. E, para apoiar ações de implementação dessa meta conta ainda com o
fundo voluntário das Nações Unidas sobre deficiência, aprovado pela Assembléia
Geral por meio da Resolução 40/31.
Em termos
educacionais, muitas mudanças estão ocorrendo. O paradigma deve ser visto como
a inserção escolar o de pessoas com deficiência não devem ser separadas e sim
serem incluídas na pré-escola, ensino fundamental, médio e superior. Esse paradigma se refere à inclusão social –
escolas (tanto comuns como as especiais) precisam ser reestruturadas para
acolherem todo o espectro da diversidade humana representada por pessoas com
deficiências físicas mentais, sensoriais, múltiplas e com qualquer grau de severidade
dessas deficiências. O sistema educacional deverá adaptar-se às necessidades de
seus alunos (escola inclusivas), mais do que os alunos deverão se identificar
ao sistema educacional (escolas integradas).
O papel da
sociedade em geral é modificar concepção de integração em que as escolas,
empresas, programas, serviços, ambientes físicos e etc., possam acolher todas
as pessoas que ao serem incluídas nessa sociedade em modificação, venha ser
atendida nas suas necessidades, comuns e especiais.
É necessário que
vários tipos de ações sejam implementadas. Uma delas seria uma campanha de
esclarecimento do público em geral, das autoridades educacionais e dos alunos
das escolas comuns e especiais e de seus familiares. Outra ação seria o
treinamento de atuais e futuros professores enfocando os conceitos
exclusivistas (autonomia, independência emporwerment, equiparação de oportunidade,
inclusão social modelo social da deficiência, rejeição zero e vida
independente). A Declaração de Salamanca,
enfoca o direito à educação no ensino regular, os princípios da inclusão
escolar, os procedimentos em sala de aula e as atividades extracurriculares que
constituem as melhores políticas de ensino–aprendizagem já comprovadas por
escolas inclusivas bem sucedidas.
Referindo-se
ainda aos treinamentos, deverá ser garantido aos professores o seu acesso a
todo material, inclusive, audiovisual sobre educação inclusiva. Deverá ocorrer
também uma série de modificações nos ambientes escolares e nos materiais de
ensino–aprendizagem, além de mudanças nos critérios escolares e nos matérias de
ensino aprendizagem, como também de mudanças nos critérios de avaliação, do
rendimento escolar e de promoção nas séries.
É evidente que
ocorrem resistências no sentido de conseguir uma efetiva inclusão, sobretudo no
âmbito escolar, por terem como origem o desconhecimento ou de informações a
respeito do paradigma da inclusão. Em relação a inclusão escolar, as
resistências se encontram entre as autoridades educacionais de todos os níveis,
entre professores comuns e especiais, e entre famílias, e ambos com e sem deficiência.
Com relação à
inclusão profissional, as resistências emitem de dois lados: das relações de
trabalho, as agências de educação profissional, empregadores em geral, as
pessoas deficientes e suas famílias e entre dirigentes e profissionais
especializados na área de deficiência.
Os preconceitos
em relação à inclusão podem ser eliminados através de ações de sensibilização
da sociedade e, em segundo mediante a convivência na diversidade humana dentro
das escolas inclusivas, das empresas inclusivas, dos paradigmas de lazer
inclusivo.
Nesses primeiros
anos deste século, muita coisa já mudou. A novela América de Gloria Perez significou um grande passo nesse sentido. A
novela Malhação coloca a personagem Vitória como uma pessoa capacitada e, ainda
por cima com a possibilidade de ser amada como qualquer outra pessoa. É lógico
que nem tudo parece ser tão simples. A personagem vive momentos conflitantes. A
novela de Manoel Carlos também ao
enfocar esse universo, nos coloca
frente-a-frente com o preconceito das pessoas em relação as pessoas com
síndrome de Down, basta ver a reação da
personagem ao rejeitar a neta, a ponto de abandoná-la no hospital. Outra cena
chocante aconteceu recentemente no dia 05 de setembro, quando a personagem
Helena, numa reunião de pais, aguarda ansiosa pelas tarefas da então filha adotiva. A reação da mãe é enorme ao saber que a filha
fora excluída das atividades ppr causa da discriminação da professora. A reação
da mãe nos comove, pelo fato dela ser conscientizada, pois na maioria das
vezes, por ignorância ou pela desinformação os pais de pessoas portadoras de
necessidades especiais não saber sequer lutar pelos seus direitos. Ao focalizar da síndrome de Down, isso não
significa que será o tema central da novela, entretanto, servirá para que os
telespectadores saiam de sua inércia e passem a ver os portadores de necessidades especiais como seres humanos.
O tema abordado
nessa monografia está relacionado ao curso de Psicopedagogia Institucional, por
abranger todo o processo de aprendizagem e a instituição escolar. Cabe ao
psicopedaogo estar atento a questão da inclusão
por ele ser um profissional capacitado para dar o suporte necessário
para a inclusão realmente acontecer. O
ensino precisa ser reformulado, para que não haja discriminação ou rejeição do
portador de necessidades especiais.
Ao
delimitar o campo de atuação do trabalho psicopedagógico, o profissional deverá
diferenciar as modalidades de atuação, especificando as suas tarefas. Dessa
forma, o trabalho psicopedagógico na área preventiva e de orientação no
processo ensino-aprendizagem, visará favorecer a apropriação de conhecimento no
ser humano, ao longo da sua evolução.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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